Dionísio Performático*

            Realmente a liberdade está deselegante. É um líquido engarrafado pelo Facebook, onde o maior rótulo pregado e vendido é o SEXO. Sou a favor da liberdade sexual, mas sou contra a sua banalidade em forma de espetáculo, não quero conservar nenhuma estrutura arcaica, mas Dionísio era visceral no sentido de ser profundo, onde se afogava nos prazeres da carne e do vinho vermelho, o qual significa pulsão de vida. Essa liberdade sexual hodierna me parece um tanto frívola, tão rasa que não se pode afogar, e nasce de um fogo tão frio como o da estátua da liberdade em questão, que não se pode queimar. Desconfio que o prazer (contemporâneo) está em afirmar publicamente que se faz sexo e depois sentir o orgasmo de quantas curtidas e cutucadas irão receber, um prazer fugidio seguido da coita causada por toda insegurança e desespero refletidos na esquizofrênica semiótica nascente do que é fugaz e desesperadamente angustiante que ao invés de ser angústia criadora é apenas  performática para a sociedade do espetáculo. Sendo assim, a liberdade deu lugar a grilhões eletrônicos que deslocam o prazer que outrora era apenas entre corpos  e agora parece ser necessário se dissolver em megabytes o que era pulsão de vida. Seria careta o  fragmento do poema de Hilda Hilst pelo fato de viver algo secretamente?

Porque tu sabes que é de poesia
Minha vida secreta. Tu sabes, Dionísio,
Que a teu lado te amando,
Antes de ser mulher sou inteira poeta.
E que o teu corpo existe porque o meu
Sempre existiu cantando.
Meu corpo, Dionísio,
É que move o grande corpo teu
Ainda que tu me vejas extrema e suplicante
Quando amanhece e me dizes adeus.
(HILST, 2001, p. 60)

*Performático

Por  (SP) em 16-03-2013
Em filosofia, de acordo com Luc Ferry, refere-se ao indivíduo que tem suas atitudes e pensamentos norteados por uma sociedade preocupada demais com a "performance" (sucesso). Aquele preocupado de impressionar aos outros para poder se sentir importante.

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