Como inventar uma paixão

Vá ser homem na vida! Disse-me Apolo lançando-me a luz da razão. Apesar de tanta claridade me mostrava uma voz fraca e trêmula, diferente dos gestos eloquentes de Dionísio, o qual não me prometia nada. Fui seguindo até certo ponto, esse deus que dançava e emitia músicas encantadoras... "Bacantes".
Quando me percebi cego na escuridão, sozinho, andando e tateando no escuro em meio às tempestades, atentei-me que sou uma máquina cega que tece o seu próprio inconsciente. E foi assim tateando no escuro, de repente senti o seu rosto, os seus lábios, seus cabelos e depois o seu corpo todo, parecia sentir o gosto de todas as frutas em um só toque da língua em sua pele, o gosto de todos os corpos os quais já haviam me tocado.
Como era bom ficar ali, mesmo que em meio às tempestades tenebrosas e à escuridão, tentei abrir os olhos cegos, inutilmente... Tudo que vi fora criado pelas minhas vontades e pela minha consciência errante que o meu próprio eu fizera das sensações. Ela me tirou o encalço, quase caí, mas forte continuei a andar sem sobressalto e sem a possibilidade de me perder.
No momento em que ela tirou o meu encalço...Então percebi, na despedida, era ela mais uma das tempestades tenebrosas, apenas mais um tormento que teci.

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